a cia

Pesquisa e Linguagem

A Penélope Cia de Teatro se dedica a pesquisar o ator como performer de sua ação, buscando um intérprete que participa e se responsabiliza por todas as etapas do processo criativo, consciente da sua inserção artística e social no mundo. Aqui, ao se colocar num ambiente de criação, altamente instável, o ator aceita os riscos inerentes a uma ação artística que não rejeita o acaso e que faz de suas indeterminações o seu alimento. O ator performático é aquele capaz de refletir irônica e ativamente sobre a criação, dentro da própria estrutura cênica, convidando o espectador a integrar esse movimento. A ideia é de deslocar a busca do sentido imposta pela lógica dramática, para outro jogo, cuja lógica esteja na percepção e no diálogo com o aqui-agora da cena teatral. 

O trabalho da Cia propõe um público participativo, que se torna consciente dos processos da ação. Assim, os espectadores passam a ser incluídos no evento teatral, como num encontro, no qual a troca é fundamental. O teatro é aqui, então, entendido como uma celebração coletiva em movimento. 

Parte-se do princípio que nesta proposta de criação artística, o espectador já não se contenta em reconhecer um estilo e reter uma história. Ele participa também como compositor da ação. Nosso teatro quer se caracterizar numa escritura narrativa, fragmentada ou não, que não mais se apóia no contar ou apresentar uma estória, mas sim em conexões em rede nas quais o fragmento, a colagem, a simultaneidade, a criação de imagens se constituem como instrumento de exposição cênica.

Outro ponto da pesquisa da Penélope Cia de Teatro é a relação com o espaço. Inúmeras questões se apresentam: como revelar um espaço? Em que medida transformar o cotidiano de um lugar, a fim de trazer um novo olhar para ele? Como revelar este ambiente de forma a trazer poesia?Como transformar em espaço de encontro lugares tão conhecidos hoje em dia como não-lugares (definido por Marc Augé como lugares de passagem onde o encontro não é possível)? 

 “(...) à noção de lugar antropológico nós incluímos a possibilidade dos percursos que aí se efetuam, dos discursos que aí são tidos, e na linguagem que o caracteriza. Um lugar antropológico por excelência é aquele que permite uma cognição mais direta pelo observador e deixa mais espaço para acontecer vida.” Marc Augé 

Como Richard Schechner diz: “Se existe uma tradição (e não apenas no Ocidente) de construir grandes edificações especificamente para apresentar atuações – arenas, estádios e teatros – existe igualmente uma longa história de atuações não oficiais ‘tendo lugar’ em locais não imaginados (nem em termos de tamanho nem em termos de uso) arquitetonicamente”. As intervenções artísticas que ocorrem em espaços que não foram concebidos para recebê-las permitem questionar a lógica de diferenciação do espaço público e das dicotomias de ordenamento sócio-espacial e cultural, características da modernidade: público/privado, puro/impuro, consagrado/não consagrado, culturalmente dominante/culturalmente dominado. 

A Penélope Cia de Teatro tem interesse em pesquisar espaços diferentes da caixa preta, além da rua, que já aparece no espetáculo Sobre Concreto Sonho.

Histórico

Sobre Concreto Sonho
Dramaturgia Marina Tranjan
Direção Erika Coracini
2011
O espetáculo, resultado do projeto Vizinhanças, contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, faz temporada de 3 meses nas ruas do Bixiga e se apresenta para escolas da rede pública de ensino.
Este espetáculo teve co-autoria do antigo Grupo Forte Casa Teatro.

Penélope Vergueiro
Texto e direção de Carlos Canhameiro
2011
Estréia e temporada no Centro Cultural São Paulo, contemplado pelo Edital dos Teatros Distritais de São Paulo, com o apoio da Secretaria da Cultura do Município de São Paulo. Apresenta-se em Mogi das Cruzes no Galpão Arthur Netto.




postagens antigas